segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Crítica: HELLBOY

ADAPTAÇÃO DESINTERESSANTE E RASA DO GIBI

Os filmes cuja temática são as histórias em quadrinhos antigas, cujos protagonistas são super-heróis, viraram um filão já bastante explorado no cinemão de Hollywood. Os adolescentes são os principais consumidores deste tipo de filme, pela presumida ação que transborda da tela. Temos então, este HELLBOY, de 2004. Uma das primeiras transposições, em larga escala, para a película do gênero. Filmes como O DEMOLIDOR, ELEKTRA e HULK são cultuados pela geração de hoje. Um dos principais motivos é a escassez de idéias novas que assola a indústria situada nos Estados Unidos.

Hellboy, o personagem, é um demônio que vive protegendo os humanos de criaturas malignas. A trama tem origem em 1944, durante a segunda guerra mundial, quando uma personagem de origem russa abre um portal do inferno – ficticiamente, os alemães usaram de misticismo para ganhar a guerra -, trazendo para a terra, então, Hellboy, ainda bebê, que fica sob os cuidados dos norte-americanos, mais precisamente do professor Broom ( John Hurt ).

O longa apresenta muita ação e pouco conteúdo em sua narrativa. O roteiro já claudicante, é mal explorado por Guillermo Del Toro ( diretor do longa ) não conseguindo um maior envolvimento do telespectador com a história contada na película. Situações que deveriam ser bem desenvolvidas, como a relação entre Hellboy e seu “pai”, e ainda o amor entre o herói protagonista e a paranormal ( ela tem o poder de criar fogo ) interpretada pela bonita Selma Blair, não são filmadas e aproveitadas com um teor de profundidade que a trama necessitava.

Os mesmos vilões que trazem Hellboy para o planeta, reaparecem com um plano para conduzir o mundo sob o domínio de demônios, deixando o super-herói com a missão de combater um monstro demoníaco, que ressuscita se transformando em dois, e deixando ovos que depois de germinados, viram novas criaturas. A intenção do vilão russo ( alguma referência com a finda guerra fria, entre estes e os Estados Unidos ?), é fazer de Hellboy, o imperador do universo. Fazer com que ele vire uma criatura ruim.

A narrativa é intensa, mas as atuações são razoáveis, e HELLBOY é raso demais para ser considerado um produto de qualidade. Algumas piadas do repertório da personagem principal, até que acrescentam algum atrativo à trama. Mas, seu resultado final é pífio, e seu desfecho insatisfatório. O seu clímax lembra, e muito, uma produção B, com seu ritual maléfico para mudar a ordem do mundo.

O longa é uma adaptação vazia de um gibi de sucesso, que trata de uma personagem demoníaca, polida e tratada com carinho por humanos, lutando contra seres maléficos, em prol da humanidade, apaixonada e ciumenta por uma humana com poderes sobrenaturais, que tem ainda, a árdua missão de lutar contra sua própria natureza, em uma conflituosa decisão para definir a dualidade entre o bem e o mal que habita dentro de si.

MÁRCIO MALHEIROS FRANÇA

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