quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Crítica: A CASA DE AREIA E NÉVOA

COBIÇA TRÁGICA

Jennifer Connely, é uma atriz com um enorme potencial dramático, já oscarizada por UMA MENTE BRILHANTE, contracenando com Russel Crowel. É também, uma atriz que sabe escolher seus papéis. Neste A CASA DE AREIA E NÉVOA, a beldade contracena com o excelente ator Ben Kingsley, também oscarizado nos anos 80 pelo seu desempenho em GANDHI. O longa é um ótimo trabalho sobre a cobiça e apego aos bens materiais.

Graças a um equívoco do município de uma cidade dos Estados Unidos, Kathy ( Connely ), transforma-se em uma sem-teto, devido a uma ordem de despejo. A sua propriedade, a tal casa do título, ainda por cima é vendida pelo governo municipal, logo depois, a um oficial iraniano interpretado por Kingsley. A personagem de Connely, se vê de uma hora para outra, em um dilema que se encerrará de forma trágica.

Kathy ao lutar pelos seus direitos, é a figura que movimenta toda a trama, com sua impetuosa e insana batalha para retomar a sua casa, levando e sendo levada por um caminho árduo, cujas conseqüências são a dor e o sofrimento para todos os envolvidos. Kathy, é uma mulher frágil, que foi abandonada pelo marido alguns meses antes de começar a narrativa, e é uma personagem carente de afeto, que trabalha, até não conseguir suportar mais, para reaver sua propriedade, e até conseguir enxergar sua própria fragilidade e os erros que comete em sua empreitada, dentre eles, ao conduzir a família de Behrani ( Kingsley ) ao desespero.

A CASA DE AREIA E NÉVOA, é um drama forte e melancólico. É também um ensaio sobre o suicídio. Suas personagens são todas pessoas que não tem um sentido de orientação, são isso sim, pessoas infelizes, que acabam por se machucar ao lutar por uma propriedade e esquecerem do verdadeiro significado da vida, que é fazer as coisas certas, ser feliz, sem prejudicar a outrem. Todas as personagens da trama central perdem e pagam um alto preço pela falta de sensibilidade em resolver um conflito fácil de solução.

A direção de Vadim Perelman é excelente, ao aprofundar no psicológico de cada personagem, em definir bem cada papel, sem estereótipos, talvez somente a personagem Lester, interpretada por Ron Eldard, um policial que abusa de sua autoridade, e que larga a esposa e filhos por uma aventura com Kathy. As idiossincrasias do longa são bem trabalhadas, tanto pelo diretor, quanto pelo elenco. A produção de A CASA DE AREIA E NÉVOA é caprichada, mas o que realça a película é o conteúdo bem definido de suas intenções.

O longa aborda com maestria uma propriedade cobiçada, com pessoas, cada qual com sua motivação, lutando pela posse de uma escritura, desorientadas, tristes, ferindo uma à outra e esquecendo que bens materiais não são mais importantes que a valorização da felicidade e da tranqüilidade.

MÁRCIO MALHEIROS FRANÇA

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