quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Crítica: CORAÇÃO DE TINTA


SUCUMBE PELOS EXCESSIVOS ELEMENTOS NARRATIVOS

Brendan Fraser estrela mais uma aventura depois de filmar a continuação de A MÚMIA e VIAGEM AO CENTRO DA TERRA (dois filmes do mesmo gênero). Este CORAÇÃO DE TINTA é uma afirmação que o ator se sente à vontade no estilo cinematográfico e mais, os três longas foram filmados em curto espaço de tempo. Nesta recente produção a aventura é embalada sob um formato de fábula com muitos (d)efeitos especiais. E sem o mesmo encanto do clássico A HISTÓRIA SEM FIM (filme de 1984), por exemplo.

Brendan Fraser interpreta um reparador de livros e dedicado chefe de família que possui um dom especial: ao ler frases de livros em voz alta consegue trazer os personagens para a vida real. Desconhecendo a capacidade de sua paranormalidade, conduz para fora do livro Inkheart (traduzido para Coração de tinta), em certa noite, três de seus personagens e imerge sua esposa na obra. Passa então, a procurar incessantemente uma cópia do trabalho literário para trazer sua cônjuge de volta ao mundo real. Nove anos depois e com sua filha Meggie (Eliza Bennet) crescida, passam a correr riscos devido ao seu erro de outrora.

A montagem sem sincronismo aceitável; a grande quantidade de figurantes e os numerosos elementos narrativos mal ajustados e ainda, a excessiva eloqüência de algumas cenas fazem o filme sucumbir. Embora possua um roteiro atraente, o diretor Iain Softley não soube costurar a quantidade de informações que dispunha. CORAÇÃO DE TINTA possui em sua estrutura cinematográfica uma trama mal-ajambrada. Sobram os detalhes estéticos. O requinte da produção da película pode ser conferido na bela fotografia e nos cenários. Outro detalhe satisfatório é a promissora atuação da jovem Eliza Bennet.

O filme desenvolve uma interessante relação entre ficção e realidade. A passagem dos personagens do livro para o mundo de Mo (Fraser) procura provocar nos espectadores um envolvimento com a trama. A fascinação do autor do livro para com suas personagens (agora de carne e osso) é emblemática nesta afirmação. Um equívoco de Softley foi ter estendido demais a emoção incontida – reafirmada no seu desejo de fazer parte do livro - do solitário escritor.

CORAÇÃO DE TINTA possui uma leveza agradável em sua narrativa. Todavia, algumas cenas fundamentais para a condução da trama soam forçadas demais. O filme é vazio em seu conteúdo. Recheado de clichês e lugares-comuns, a película causa certo desapontamento ao fim de sua projeção. É uma fábula cujos significantes e significado não entusiasmam. Sua idiossincrasia não desperta grande interesse no espectador para com a história contada na tela.

CORAÇÃO DE TINTA é uma fábula razoável que aborda uma desinteressante e modorrenta luta entre o bem e o mal. E narra a trajetória de um homem com um dom especial, que involuntariamente comete um equívoco por desconhecer a tamanha capacidade de sua habilidade extraordinária. Busca, desde então, reparar seu engano. E procura encontrar sua amada esposa para conseqüentemente aplacar sua dolorosa angústia. Mesmo ciente da dificuldade da empreitada.

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